Into the Wild
Se existem filmes que nos conseguem fazer “sonhar”, este é sem dúvida um belíssimo exemplo em como a sétima arte nos permite repensar o sentido da vida, pelo menos no conceito em que a sociedade a formatou.
Into the Wild, ou “O Lado Selvagem”, título adoptado para Portugal, é um dos meus filmes preferidos. Permito-me até de vos confessar que tem lugar cativo no meu top 10 de melhores películas cinematográficas, e de 2007, ano em que estreou, até aos dias de hoje, ainda não conheço melhor candidato para o destronar.
Não tenho tido muito tempo livre (e digo isso com um sorriso no rosto) para escrever mais neste blogue. Contudo hoje lá consegui alguma energia extra para neste “restinho” de tempo vos dar a conhecer esta obra-prima, caso ainda a desconheçam, claro. É uma pena o filme ter sido relegado para segundo plano na maior parte das grandes salas. Embora não seja um título da vertente mainstream, Into the Wild tem tudo o que é necessário para arrebatar prémios, só não o conseguiu talvez porque o grande público ainda se deixa levar pela máquina publicitária de Hollywood.
Realizado por Sean Penn e tendo por base do argumento o livro de Jon Krakauer, que possui o mesmo nome do filme, e que eu AINDA não consegui encontrar à venda no nosso país (a versão original em inglês) este filme relata uma história verídica vivenciada por um jovem norte-americano recém-licenciado, Christopher McCandless (interpretado de forma irrepreensível por Emile Hirsch) que após atingido o seu objectivo académico, abdica de todos os seus pertences e bens materiais, contrariamente à vontade dos seus pais e influenciado por algumas leituras, para ir viajar pelos EUA, tendo como objectivo passar uma temporada no Alasca, sem contacto algum com seres humanos, vivendo apenas do que a natureza lhe proporcionasse, numa procura incessante pela liberdade total e absoluta, despojada de condicionalismos materiais. Tal como a velha máxima, em que o melhor numa viagem até determinado sítio, é a viagem em si e não o facto de lá chegarmos, este jovem vai conhecendo pessoas e fazendo amizades, numa experiência tão enriquecedora como dramática, como poderão perceber se virem o filme, pois não vos quero estragar a surpresa.
De facto Christopher é de tal forma uma pessoa “especial”, que para além de ter doado todos os seus bens à caridade, obrigando-o a percorrer todo este caminho sem dinheiro e fazendo-o apenas graças à ajuda dos amigos que vai fazendo, que nenhum dos que se vão cruzando com ele ficará indiferente à sua passagem, rumo à felicidade e à perfeita comunhão entre homem e a natureza selvagem, limpa de tudo o que a sociedade moderna nos trouxe de negativo. Aliás um dos motes deste jovem é a “fuga” do materialismo e hipocrisia que nela imperam, mesmo até na sua própria casa, como irão poder perceber ao visionar esta obra.
Não me vou alongar mais no argumento, tal como já referi, mas não quero deixar de vos falar da realização e fotografia deste filme. Penn, tal como lhe é reconhecido como imagem de marca, consegue uma vez mais transpor para a pelicula o “tom” melancólico e nostálgico que a caracterizam, explorando para isso os grandes planos das paisagens das regiões por onde o actor principal vai passando, tornando-a também numa grande obra visual.
Até aqui penso que todos já perceberam que já estamos perante os ingredientes suficientes para um grande filme, mas vou ainda acrescentar algo que vos irá deixar “em pulgas” para o verem: A banda sonora!
Eddie Vedder – Conhecem este nome? Sim…é ele mesmo. Já não bastava o argumento e a realização serem excelentes que ainda temos direito a uma banda sonora riquíssima em carga dramática e sentimental! Esta obra musical foi composta e escrita propositadamente para este filme, justamente também por quem a interpreta, o Grande Senhor vocalista dos Pearl Jam!
Muito mais há a dizer sobre este filme, mas prefiro que sejam vocês um dia mais tarde a dizer-mo, depois de o verem! Não esperem efeitos especiais ou outros artificialismos, mas apesar desta simplicidade, nela encontrarão um filme rico em “significado”. Estou certo que não lhe ficarão indiferentes e lembrar-se-ão muitas vezes dele, especialmente quando por algum motivo estiverem mais descontentes com o ponto a que a nossa sociedade infelizmente chegou. Se há filmes que nos marcam, este é um deles…
Bom filme!
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